Quadrilha usava entidade filantrópica, madeireira e faculdade para desviar emendas parlamentares em Ipojuca; entenda o esquema
08/10/2025
(Foto: Reprodução) Polícia investiga esquema de desvio de emendas parlamentares na Câmara de Ipojuca
Ao menos sete pessoas estão sendo investigadas pela Polícia Civil num esquema de desvios milionários de emendas parlamentares em Ipojuca, no Grande Recife. De acordo com as investigações, entidade filantrópica, faculdade e madeireira eram algumas das empresas utilizadas para praticar os desvios (veja vídeo acima).
Na sexta-feira (3), foram presas três mulheres, sendo duas advogadas e uma que auxiliou na elaboração de orçamentos para as empresas envolvidas nas fraudes. Há quatro homens foragidos. A TV Globo teve acesso ao inquérito que mostra que mais de R$ 27 milhões podem ter sido desviados no esquema.
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As pessoas investigadas são as seguintes:
Presas
Advogadas Eva Lúcia Monteiro e Edjane Silva Monteiro: irmãs que teriam envolvimento com o IGPN, o Instituto de Gestão de Políticas Públicas do Nordeste;
Maria Netania Vieira Dias, que auxiliou na elaboração da proposta e obtenção de orçamentos para empresas envolvidas;
Foragidos
José Gibson Francisco da Silva: presidente do IGPN;
Julio Cesar de Almeida Souza: diretor financeiro do IGPN;
Gilberto Claudino da Silva Júnior: gestor da Faculdade Novo Horizonte;
Gerailton Almeida da Silva: dono da Madeireira & Construção Paraense LTDA.
O esquema
O inquérito, já remetido à Vara Criminal de Ipojuca, detalha como funcionava o esquema criminoso. De acordo com a investigação, 12 pessoas e cinco empresas participavam do grupo, que usava associações inexistentes ou sem capacidade técnica para justificar a execução de projetos.
Segundo o documento, o IGPN foi o principal beneficiado, recebendo pelo menos nove emendas parlamentares, que somaram mais de R$ 6,3 milhões.
O IGPN deveria executar o projeto Preamar – Saúde Integral, mas no endereço registrado em Barreiros, no Litoral Sul de Pernambuco, só havia um galpão vazio com placa de “alugo”.
Vizinhos informaram que o imóvel pertencia a Gerailton Almeida da Silva, dono da empresa Madereira & Construção Paraense LTDA, também investigada.
Outra entidade citada é a Rede Vhida, cuja presidente é a advogada Edjane Silva Monteiro. Essa organização foi criada em 2024, reaproveitando o CNPJ de uma antiga igreja, a Assembleia de Deus Pentecostal Ministério Sinush.
O inquérito também cita o Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa (Inesp) e o Instituto Habitus de Planejamento, além da Rede Nacional de Gestão.
A Polícia Civil afirma que empresas de fachada eram criadas, fechadas e depois reabertas com outros nomes para mascarar o desvio das verbas.
Segundo o inquérito, Maria Netania Vieira Dias, que foi presa, teria auxiliado na elaboração de propostas fraudulentas. As advogadas Eva Lúcia Monteiro e Edjane Silva Monteiro, ligadas ao IGPN, também foram detidas;
A gestão do instituto, até 2027, está registrada em nome de José Gibson Francisco da Silva (presidente) e Julio Cesar de Almeida Souza (diretor financeiro), ambos também investigados.
O inquérito aponta ainda Gilberto Claudino da Silva Júnior, gestor da Faculdade Novo Horizonte, como responsável por coordenar a fraude. Ele também presidiu outras instituições investigadas.
A Justiça decretou sua prisão preventiva, mas ele não foi encontrado no condomínio de luxo onde morava, na Praia do Cupe, em Porto de Galinhas, em Ipojuca.
O boletim de ocorrência registra que a casa estava trancada, com luzes acesas, comida pronta e mesa posta, sugerindo saída às pressas.
A Polícia Civil investiga também os vereadores que aprovaram quase 90 emendas impositivas para essas entidades e servidores da Prefeitura de Ipojuca que autorizaram os pagamentos.
Prédio da Câmara Municipal de Ipojuca, no Grande Recife
Reprodução/TV Globo
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