Produtores de soja e sorgo denunciam cerealista por dívida de R$ 1,6 milhão no interior de SP
19/11/2025
(Foto: Reprodução) Produtores rurais denunciam cerealista por dívida de R$ 1,6 milhão em Araras, SP
Produtores rurais de Araras (SP) registraram boletim de ocorrência contra a empresa Cereais Bom Jesus Araras que não pagou mais de R$ 1,6 milhão por grãos de soja e sorgo.
Em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo, a advogada da empresa, Luciene Mesquita, disse que toneladas de soja teriam desaparecido dos silos da empresa entre 2020 e 2022. Ela também alegou dificuldades financeiras. (Confira abaixo)
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Segundo os produtores, desde agosto não há retorno da cerealista responsável, Sônia Luvisotto, sobre os pagamentos pendentes. Foram meses de tentativas frustradas de receber pelo grão.
A expectativa era resolver a situação em uma reunião na manhã de terça-feira (18), mas ela não apareceu. Os produtores rurais relataram que os problemas com a cerealista se arrastam desde 2021.
A Polícia Civil já identificou 7 vítimas, mas o delegado responsável acredita que o número pode ser maior, assim como o prejuízo milionário.
Produtores rurais tiveram prejuízo milionário em Araras
EPTV/Reprodução
Prejuízos
O produtor de soja César Fornaro estima um prejuízo superior a R$ 800 mil referentes à venda de 5.960 mil sacas. Ele afirma que a falta de pagamento comprometeu todo o planejamento da safra, já que trabalha com terras arrendadas e precisou arcar com custos de adubo, defensivos e fertilizantes sem o retorno financeiro esperado.
Outros produtores também relatam perdas significativas. Adilson Pereira dos Santos, agricultor de menor porte, calcula que o rombo de R$ 52 mil já compromete o pagamento de contas básicas.
"Perto de muitos é um valor pequeno, porque sou um produtor pequeno, mas esse quantia faz muita falta. É muita conta chegando para pagar e não sei o que fazer", disse.
Já Paulo Henrique Perin estima prejuízo de até R$ 130 mil. A situação também preocupa Antônio Osmar Bonato e o filho, que temem não conseguir custear o próximo plantio após precisarem usar reservas para comprar sementes e insumos.
Fachada da empresa que está fechada em Araras
EPTV/Reprodução
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Dificuldades de comunicação
Além da falta de pagamento, os produtores reclamam da dificuldade em contatar representantes da empresa.
"Não temos mais contato com ela, mandamos mensagem para o zap, visualiza e não responde", contou o produtor rural Itamar André Bonato.
Em uma das poucas ligações atendidas, Sônia justificou a ausência e chegou a responsabilizar os produtores pelo atraso, afirmando que o banco teria suspendido a liberação de recursos após o registro do boletim de ocorrência.
Veja a reportagem do Bom Dia Cidade na íntegra:
Produtores rurais denunciam falta de repasse de valores por cerealista de Araras
Sônia é apontada pelos credores como a principal administradora da cerealista, registrada em nome dos filhos. Durante a apuração, ela afirmou que a empresa enfrenta dificuldades financeiras e que busca crédito para regularizar os pagamentos.
"Ela podeira ter chamado a gente, conversado e explicado a situação. Sumir e não atender ligações é agir de má fé", disse o produtor Perin.
O que diz a empresa
A investigação também apura relatos de que toneladas de soja teriam desaparecido dos silos da empresa entre 2020 e 2022, o que gerou um boletim de ocorrência registrado por um dos sócios à época. Apesar disso, produtores afirmam enfrentar problemas para receber da cerealista desde 2021.
" A empresa foi vítima de furto. No períoo noturno havia escoamento e foram furtadas toneladas e toneladas. A gente está viabilizando meios e buscando crédito, tem o patrimônio...Vamos responder todos os credores e a empresa está à disposição, mas precisa de reestruturar para saldar todos os produtors", disse a odvogada Luciene Mesquita.
Investigação
Um desses casos envolve a venda e armazenamento de sorgo. O produtor Jair Fardel relata que tinha 20 mil sacas estocadas, mas, ao buscar o produto, foi informado de que restavam apenas 12, 8 mil. Um prejuízo estimado hoje entre R$ 600 mil e R$ 700 mil, considerando juros.
"Eu comprei o sorgo dos produtores e estava armazenado aqui com ela desde 2021. Como ela armazena sorgo na entressafra, ela precisa esvaziar o silo para colocar soja. Mas quando fui retirar, ela disse que tinha 12.800 sacas e que não tinha mais. Foi um prejuízo que chega até R$ 700 mil", disse Fardel.
A Polícia Civil segue investigando onde foi parar a soja entregue pelos produtores e deverá ouvir os responsáveis pela empresa nos próximos dias. A orientação é para que outros agricultores na mesma situação procurem a delegacia para registrar ocorrência e contribuir com a apuração.
Enquanto isso, quem está no prejuízo vive a incerteza. “A gente depende desse dinheiro para comprar insumos, diesel, comida, remédio. A expectativa agora é muito pouca”, finalizou um dos produtores.
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