Dia Nacional da Cachaça: tradição na Grande SP mantém vivo o legado dos alambiques artesanais

  • 13/09/2025
(Foto: Reprodução)
Salesópolis preserva a tradição da produção artesanal de cachaça Para quem aprecia uma boa cachaça, há sempre um motivo para tomar um gole: abrir o apetite, comemorar, lamentar, se aquecer ou até se refrescar. Em Salesópolis, na Grande São Paulo, essa cultura vai muito além. Os alambiques são mais do que uma herança de família. São um legado, uma história que passa de geração em geração e um sonho que se mantém vivo ao longo dos anos. 🍶 Neste sábado (13), é celebrado o Dia Nacional da Cachaça, e a cidade ganha ainda mais relevância no mapa da bebida artesanal. ✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp E em uma cidade onde "quase todo mundo se conhece" e os maiores eventos são as festas de igrejas e comunidades, a quantidade de cachaça produzida impressiona: são, ao menos, quatro alambiques, segundo os dados da prefeitura, que, juntos, produzem mais de 10 mil litros da bebida por mês. Apesar de estar na Região Metropolitana de São Paulo e ficar apenas a 100 quilômetros de distância da capital paulista, Salesópolis - onde está a nascente do Rio Tietê - mantém características de uma cidade do interior. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município tinha 15.202 habitantes em 2022, e a estimativa é que este ano chegue a 15.381 moradores. Com tanta produção, os tipos de cachaças e licores até podem mudar. O processo também pode ser um pouco diferente entre um alambique e outro. Mas, em comum, todos eles têm a paixão pelo que estão fazendo, além do mesmo objetivo: chegar ao melhor produto final possível. Essa qualidade tem uma inspeção minuciosa. Muitos dos alambiqueiros tomam, pelo menos, uma dose por dia para “experimentar” ou “abrir o apetite”. A bebida artesanal vai ainda muito além das doses. A cachaça é o ingrediente principal da caipirinha, drink típico do Brasil, e pode ser usada de diversas formas na culinária. A Canabella, em Salesópolis, tem alambiques de cobre Larissa Rodrigues/g1 👩✨ Mulher na cachaça e o sonho do pai Jamilly Miranda Zirr dá continuidade ao sonho do pai ao lado do marido Paulo César Caetano Larissa Rodrigues/g1 Em um cenário dominado pelos homens, Jamilly Miranda Zirr, de 44 anos, se destaca à frente do Alambique Canabella. Ao lado do marido Paulo César Caetano, 51 anos, ela dá continuidade ao sonho do pai dela, Willy Zirr, que morreu há cerca de três anos e foi quem deu início à marca. "Nós estamos levando adiante o sonho de uma pessoa e isso vale muito a pena. Ele era muito querido e faz muita falta, mas transformamos a saudade dele no que ele mais amava, que era a Canabella", disse Jamilly. Na Canabella, os alambiques são de cobre, a cachaça é destilada duas vezes, e cada garrafa já cheia é avaliada em uma luz que mostra se o líquido está cristalino. "Um dos nossos diferenciais é a destilação. No caso, a gente bidestila. A gente tira a cabeça e a cauda que são as partes mais nocivas pro organismo e usa só o coração da cachaça. Então, quem bebe não tem os malefícios da ressaca, não tem dor de cabeça, não tem tremedeira, não tem boca seca, mau hálito... Isso é resultado de um processo de qualidade do início ao fim", explicou Jamilly. A cabeça da cachaça são os primeiros litros após a destilação e cauda é o líquido final do processo. Essas duas partes da bebida não são envasadas no alambique da empresária. O quadro de funcionários é formado pelo casal e também pelo mestre alambiqueiro José Arnaldo do Prado, 53 anos. Ele acompanhou toda a construção do espaço mas ainda não sabia muito sobre cachaça. “Eu, na verdade, não sabia de nada sobre a cachaça. E aí fui fazendo cursos e me aperfeiçoando. Assim a gente aprende as técnicas que ajudam muito. Tudo isso serve pra fazer uma cachaça padrão, que conseguiu ganhar prêmios com méritos”, afirmou. A Canabella já exportou mais de 6 mil garrafas para o exterior e esteve em países como África do Sul, Holanda e Bélgica, onde foi premiada. Cachaça Canabella foi premiada em Bruxelas, capital da Bélgica Larissa Rodrigues/g1 "Hoje, por mês, a gente produz entre 2 mil a 5 mil litros de cachaça. Isso porque é pra encher os tonéis. Se for pegar uma exportação, então vamos trabalhar com 5 mil litros mesmo. Pra gente fazer uma destilação eu preciso de mil litros de garapa e para isso eu preciso moer quase 2 toneladas de cana e com isso tenho 120 litros do produto final. É bastante trabalho, mas fazemos isso pra entregar só a parte boa da cachaça, pra levar mais qualidade pro consumidor", ressaltou Paulo. 🖼️👨‍👦 Legado de família estampado no alambique Toninho exibe o quadro com a reportagem sobre o pai dele Larissa Rodrigues/g1 Na parede do espaço onde ficam os tonéis de cachaça, Antônio Freire de Almeida, 77 anos, mantém em uma moldura uma reportagem com uma foto do pai dele, Geraldo Freire de Almeida. Foi com ele que Toninho, como é conhecido, aprendeu a fazer cachaça, ainda jovem. "A nossa cachaça é diferente, porque é artesanal mesmo. O alambique é pequeno e é isso que dá um teor melhor pra cachaça, dá um gostinho especial. A gente sabe disso porque todo dia toma uma pra abrir o apetite. Olha só o meu pai... ele morreu com 98 anos e sempre bebendo uma cachacinha", brincou o proprietário. O caminho dele, porém, nem sempre seguiu pelo da bebida. Antes de começar o Alambique Toninho Freire, o proprietário chegou a ter um mercadinho, um restaurante e também a trabalhar em uma empresa. Agora, já faz cachaça no espaço próprio há 15 anos. Para que isso aconteça, conta com uma peça fundamental: a esposa Lúcia Maria de Miranda, 53 anos. Enquanto Toninho é o responsável por levar a cana-de-açúcar até o alambique, Lúcia é quem acompanha o processo durante todo o dia. O fogo que aquece o líquido depois da fermentação precisa ser controlado para que não esteja mais forte ou mais fraco que o necessário. Lúcia Maria de Miranda é quem cuida da produção da cachaça ao longo dia Larissa Rodrigues/g1 "Eu venho pro alambique cedo, começo umas 5h30/6h e já limpo tudo por aqui, ponho a garapa e coloco fogo. Demora umas duas horas até a cachaça começar a sair e nesse tempo eu vou graduando o fogo. Depois, a gente precisa deixar a cachaça descansar, até que ela vai pro tonel. No tonel, quanto mais tempo, mais saborosa ela fica", explicou Lúcia. O Alambique Toninho Freire tem capacidade de produzir cerca de 70 litros de cachaça por dia. Depois de prontas e descansadas, elas são engarrafadas e recebem o rótulo para que possam ser vendidas. Além da cachaça branca, ainda são produzidas as cachaças envelhecidas em carvalho e umburana. 🔥💨 O início em uma chaleira Tomar uma dose antes do almoço é um hábito de João de Miranda Larissa Rodrigues/g1 A sigla do Alambique JM tem um dono: João de Miranda. Hoje com 75 anos, o hábito de tomar pelo menos uma dose de cachaça antes do almoço já é bem antigo. Tudo o que sabe aprendeu com o pai dele, Antônio Camilo de Miranda Sobrinho. Isso quando era muito novo e já podia acompanhar de perto os processos da fabricação. O aprendizado não parou nele, e atualmente toda a família é envolvida no negócio, seja colocando a mão na massa, divulgando a marca ou até criando os licores. “O alambique é familiar, mas já mudou muita coisa. O meu pai foi quem começou com tudo e ele começou a fazer a cachaça em uma chaleira. Dá pra imaginar?”, perguntou João. Acompanhado da esposa Maria Lúcia de Miranda e dos filhos Benedito e Sueli de Miranda, João mantém a propriedade da família, onde ainda são criados porcos, galinhas e até um casal de pavões. João de Miranda conta com o apoio da família para manter o alambique Larissa Rodrigues/g1 "É tudo passado de geração em geração. Começou com meu avô, passou para o meu pai e agora a gente vai aprendendo. Eu também já sei e agora, além da cachaça branca do meu pai, a gente faz cachaça com cambuci e canela e também aproveita as frutas do sítio pra fazer os licores", explicou Sueli. No processo, ainda é João quem mói a cana-de-açúcar diariamente. Mas o restante da família é bastante participativo. "A família toda trabalha. Meu irmão ajuda a cortar, meu cunhado vai carregar com o caminhão, meu pai fica encarregado de fazer a cachaça, a gente faz já as parte da internet, minha sobrinha mexe nas redes sociais, minha irmã faz o licor... então é todo mundo envolvido mesmo", ressaltou Sueli. Por escolha de João, o alambique produz menos cachaça do que já produziu um dia, quando chegou a quase 50 litros diários. Hoje, essa quantidade fica próxima aos 30 litros diários. 🥃🕰️ 1914 e o começo de uma história saborosa Alambique Alvarenga já tem mais de 100 anos de história Larissa Rodrigues/g1 Enquanto, em 1914, a Europa via o início da Primeira Guerra Mundial, com impérios se envolvendo em alianças e batalhas que mudariam o mundo, o Alambique Alvarenga começava uma história muito mais tranquila e saborosa: a produção de cachaça. Inicialmente em Paraibuna, mas em 1958 a família se mudou para Salesópolis e deu continuidade à produção na cidade do Alto Tietê, onde está até hoje. O alambique é mantido por Joaquim Antônio Alvarenga, 72 anos. "Desde criança eu fui aprendendo como fazia a cachaça. Depois do ciclo da escola eu já ia pro alambique e ficava acompanhando. De lá pra cá, o que mudou foi o plantio da cana, que antes a gente tinha aqui e agora a gente compra de Porto Feliz. Mas o sistema artesanal é o mesmo e a gente vai dando continuidade", afirmou. Em época de safra da cana-de-açúcar, o Alambique Alvarenga produz cerca de 400 litros de cachaça por dia. A bebida, então, é vendida em cidades como Biritiba-Mirim, Mogi das Cruzes, Santa Branca, Paraibuna e Jacareí. Mesmo com a grande quantidade, os processos artesanais são mantidos. Os rótulos, por exemplo, são colados com farinha e água, uma mistura que ficou famosa no Brasil, décadas atrás, principalmente por ser usada em pipas. Pai e filho trabalham juntos para manter a tradição Larissa Rodrigues/g1 Em todo esse processo, Joaquim conta também com o trabalho do filho João Alvarenga. "Eu faço tudo o que é necessário. Fico cuidando do fogo durante o dia, engarrafo, colo os rótulos, faço entregas... E com isso a gente vai fazendo a cachaça. Hoje temos dois tipos, fazemos a branca tradicional e a amarela, que é com açúcar queimado", disse João. ➡️ Como é feita a cachaça Apesar de existirem alambiques de diferentes tamanhos e materiais, o processo básico para a fabricação da cachaça se mantém o mesmo. O princípio de tudo é a cana-de-açúcar. Em Salesópolis, algumas marcas compram a matéria-prima de produtores vizinhos ou até de cidades mais distantes. Entenda o processo: 🎋 Extração do caldo – A cana é moída para tirar o caldo, que é o líquido que vai virar a cachaça. 🧪 Fermentação – O caldo da cana é colocado em tanques e espera por um período para fermentar. Durante esse processo, os açúcares se transformam em álcool. 🔥 Destilação – O álcool extraído vai para o alambique, que é uma espécie de “panela de aquecimento”. O calor faz o álcool evaporar, subir pelo cano do alambique e depois se transformar em líquido novamente. Esse é o momento em que se separa a cachaça do resto do líquido. ⏳ Repouso/maturação - Depois da destilação, a cachaça ainda não está completamente pronta. Em muitos alambiques artesanais, ela é deixada para descansar até que os sabores se equilibrem e o álcool se estabiliza. Em produções maiores, pode ser necessário diluir a bebida com água limpa até atingir o teor alcoólico ideal, geralmente entre 38% e 48%. 🍶 Envasamento – Por fim, a cachaça é filtrada, engarrafada e está pronta para ser apreciada. Assista a mais notícias do Alto Tietê

FONTE: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2025/09/13/dia-nacional-da-cachaca-tradicao-na-grande-sp-mantem-vivo-o-legado-dos-alambiques-artesanais.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Top 5

top1
1. Cem Mil(Ao Vivo)

Gustavo Lima

top2
2. Estado Decadente

Zé Neto e Cristiano

top3
3. Atrasadinha

Felipe Araújo Part.Especial Ferrugem

top4
4. Vingança

Luan Santana - Part.Especial Mc Kekel

top5
5. Rapariga Digital

Naiara Azevedo

Anunciantes