Como recibo de conserto de óculos levou Marcola para prisão há 25 anos, após investigação de Ruy Ferraz

  • 17/09/2025
(Foto: Reprodução)
Polícia identifica segundo suspeito da execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes Foi a partir de um recibo de conserto de óculos de sol que o então delegado Ruy Ferraz Fontes conseguiu rastrear os passos de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e colocá-lo na prisão ainda no fim do século passado. A história é contada em detalhes no livro "Laços de Sangue -- a História Secreta do PCC" pelo procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) Márcio Sérgio Christino, que trabalhou com Ruy Ferraz no início dos anos 2000 no combate ao crime organizado. Foi neste período que o Primeiro Comando da Capital (PCC) passava a ganhar território fora dos presídios paulistas. Ruy foi morto a tiros quando deixava a Prefeitura de Praia Grande na noite de segunda-feira (15). Ele era secretário de administração da cidade e estava aposentado da Polícia Civil, mas já havia sido alvo de tentativas de assassinato no passado após conduzir investigações contra o crime organizado. No livro escrito em parceria com o jornalista Claudio Tognolli, o procurador relembra quando Marcola era procurado pela Polícia Civil por assaltos a banco e tinha ainda outro apelido, Playboy, por gostar de roupas caras e carros de luxo e que fazia questão de ostentar. LEIA TAMBÉM: Polícia pede prisão de dois suspeitos da execução do delegado Ruy Ferraz Fontes Ruy Ferraz já escapou de plano do PCC para matá-lo em 2010 e foi salvo pelo então tenente da Rota Guilherme Derrite, conta promotor Polícia tem duas linhas de investigação para encontrar assassinos de ex-delegado-geral de SP executado no litoral Em uma das ações mais ousadas da época, Marcola participou do ataque à Transprev, uma empresa de transportes de valores, no Jaguaré, Zona Oeste da capital paulista, em 1998. O crime contou com várias pessoas e estrutura complexa, com divisão de tarefas e hierarquia. Por semanas que antecederam o crime, Marcola identificou funcionários que seriam potenciais reféns e passou a monitorá-los. O grupo preparou um dossiê sobre as famílias que poderiam ser alvos e alugou um apartamento ao lado da casa do então coordenador de segurança, onde seria o cativeiro. Na data do ataque, os criminosos sequestraram os familiares do funcionário e os levaram para o imóvel alugado. Já o coordenador de segurança foi obrigado a entrar na empresa de transporte de valores e entregar o dinheiro, com a ajuda de outros seguranças, que também foram ameaçados. A quadrilha conseguiu fugir com R$ 15 milhões, sem disparar um tiro, e antes de liberar os reféns, fez uma limpeza minuciosa no apartamento. Ruy Ferraz Fontes durante evento da cúpula da Segurança Pública de SP em 30/11/2018 TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO Um plano que parecia perfeito, mas Ruy Ferraz Fontes, com o delegado Alberto Pereira Matheus, encontrou falhas no modus operandi do crime comandado por Marcola. No lixo do apartamento, os investigadores encontraram um recibo de um óculos de sol que havia sido levado por Marcola para o conserto. Os delegados conseguiram rastreá-lo pelo número do Bipe (equipamento de comunicação usado à época) informado no cadastro da loja e conectar Marcos Camacho ao crime. Após o assalto milionário, Marcola fugiu para o Nordeste e para o Paraguai, enquanto a Polícia Civil de São Paulo analisava depoimentos e interceptações telefônicas, além do perfil criminal do assaltante: vaidoso e que ostentava carros de luxo. De volta a São Paulo, no ano seguinte, um Chrysler Stratus — carro considerado de luxo na época — entrou no radar dos policiais como sendo a mais nova aquisição de Marcola. Em um deslocamento de Campinas para a capital, investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) avistaram o veículo com as mesmas características, circulando pela Marginal Tietê, e acompanharam o carro. Em um determinado momento, o motorista parou em uma ilha — um espaço de descanso — onde havia telefones públicos. Quem desceu do carro foi Marcola. Quando os policiais do Deic abordaram o suspeito, o motorista do Chrysler Stratus fugiu, abandonando o comparsa. Marcola negou que fosse Marcos Camacho, afirmando ser um fazendeiro, e apresentou documentos falsos. Os investigadores decidiram, mesmo assim, levá-lo para a sede do Deic, onde Marcola admitiu a verdadeira identidade. Foi preso e permanece assim desde então. Ascensão no PCC Quando foi preso, Marcola não quis participar imediatamente do Casa de Custódia de Taubaté (CCT), para onde foi levado e mantido sob proteção de outro criminoso. Foi nessa unidade onde, em 1993, o PCC foi fundado. O procurador Márcio Sérgio Christino lembra no livro que, ao perceber que a organização estava se desenvolvendo, Marcola decidiu se filiar e, nos anos seguintes, ascendeu como membro da cúpula da facção.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/17/como-recibo-de-conserto-de-oculos-levou-marcola-para-prisao-ha-25-anos-apos-investigacao-de-ruy-ferraz.ghtml


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