'Amazônia Live': arquiteto de palco flutuante revela bastidores e promete 'surpresas' no show com Mariah Carey em Belém
15/09/2025
(Foto: Reprodução) Palco flutuante em formato de vitória-régia no rio Guamá, em Belém.
Juliana Bessa / g1
Um palco flutuante em formato de vitória-régia no meio do rio Guamá, em Belém, vai ser o cenário de shows de Mariah Carey, Joelma, Gaby Amarantos, Dona Onete e Zaynara na quarta-feira (17). O g1 visitou o local da instalação em um dos furos do rio Guamá.
A estrutura já está nos ajustes finais, com as últimas etapas de testes de som e luz. Segundo a organização, a montagem começou no dia 29 de agosto, envolvendo cerca de 250 pessoas diariamente.
Quem assina o palco é o arquiteto e coordenador de cenografia Diego Campos. O pernambucano revelou bastidores, como barcos que funcionarão como camarins para as artistas, e detalhes sobre os desafios e a grandiosidade do projeto, que será transmitido pelo Multishow e Globoplay, com sinal aberto.
Segundo Campos, as pétalas da estrutura são revestidas com um material sustentável e ecológico, que funciona como um tipo de trama plástica (solpet) de alta definição. Este material, além de possuir um selo de sustentabilidade, permite a ventilação e garante que o vento passe sem comprometer a estrutura reforçada por cabos.
"É um projeto cenográfico que não 'briga' com a floresta; a ideia é valorizar a potência do entorno", descreveu.
Segundo Diego, o maior desafio técnico da montagem flutuante foi o alinhamento preciso entre os eixos da balsa que abrigará os convidados e o palco. Isso é fundamental para garantir a qualidade da captação de imagem e iluminação, já que o show, além de ser transmitido, também terá um especial após o "Estrela da Casa", na TV Globo.
"Qualquer movimento para a esquerda ou para a direita gera uma diferença em relação à câmera e à iluminação, por isso todos os projetos estão muito bem alinhados", explicou o arquiteto.
Arquiteto revela detalhes sobre o palco flutuante montado no rio Guamá para o Amazônia Live, em Belém.
Juliana Bessa / g1
Bastidores e tecnologia
Um dos pontos curiosos do projeto é a mobilidade das pétalas. Durante a operação, uma equipe de cenografia será responsável por movimentar partes da flor. "Esta flexibilidade é crucial para captações aéreas e permite que a imagem revele uma projeção que remete à vitória-régia sem interferências visuais, principalmente por conta de um piso cenográfico".
A logística para os artistas, que incluem Mariah Carey e as divas paraenses, envolve barcos que estarão atrás do palco e servirão como camarins. Diego revelou que cada artista ficará em uma dessas embarcações.
No momento da apresentação, as cantoras farão o translado para o palco por meio de "pias" (pontos de embarque/desembarque). Elas utilizarão rampas e um elevador para acessar o camarim dentro da própria flor.
Campos disse que a operação é tão detalhada que o arquiteto a comparou a uma "orquestra". "O trabalho todo envolve uma equipe técnica estimada em mais de 100 pessoas, para garantir a fluidez das apresentações e da transmissão".
A iluminação é um dos "segredos" do evento. Há um designer de iluminação dedicado a criar uma ambiência tanto para o palco quanto para a floresta.
"As luzes vão brincar com a tonalidade dos shows, com o pôr do sol, realçando a potência do ambiente", adiantou Diego, adiantando que o espetáculo deve começar antes do pôr do sol.
Causa e envolvimento comunitário
O Amazônia Live é realizado pelo Rock in Rio e The Town, com patrocínio da mineradora Vale, e tem como propósito principal dar visibilidade às causas ambientais.
"Nossa intenção não é apenas fazer um show, mas sim dar voz às nossas causas, mantendo a floresta de pé", afirmou o arquiteto. Ele enfatiza que a escolha de artistas busca levar a mensagem para outras escalas de importância.
"A seleção do local no rio Guamá, um "furo" específico, levou em conta não só a beleza, mas também a baixa interferência no cotidiano. O trecho possui apenas três casas, todas da mesma família, o que facilitou a logística e o relacionamento com a comunidade".
Segundo o arquiteto, a equipe do projeto tem trabalhado em parceria com os moradores locais, pedindo permissão e mantendo todos informados.
A casa de uma das famílias, inclusive, serve de ponto de apoio para a equipe. "Eles foram super abertos, gentis e dispostos para que isso acontecesse. As causas do evento estão 100% alinhadas com eles".