38 são detidos em Israel durante manifestações nacionais por cessar-fogo em Gaza e libertação de reféns
17/08/2025
(Foto: Reprodução) Manifestantes protestam em Israel por cessar-fogo em Gaza e liberação dos reféns.
REUTERS/Shir Torem
Pelo menos 38 pessoas foram detidas durante manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas em diferentes cidades de Israel, neste domingo (17), pedindo o cessar-fogo em Gaza e liberação dos reféns.
Onda de protestos foi convocada pelo Fórum das Famílias de Reféns, principal associação que representa as famílias dos israelenses sequestrados pelo grupo terrorista Hamas.
Os participantes exibiam bandeiras do país e fotos de reféns. Eles também usaram apitos, buzinas e tambores. Alguns chegaram a bloquear ruas e rodovias, incluindo a principal ligação entre Jerusalém e a capital, Tel Aviv.
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“Hoje, tudo para para lembrar o que mais importa: a santidade da vida”, disse Anat Angrest, mãe do refém Matan Angrest, em uma praça pública em Tel Aviv.
A atriz israelense de Hollywood Gal Gadot, conhecida pelo papel de Mulher-Maravilha e pela franquia Velozes e Furiosos, esteve com famílias de reféns em Tel Aviv.
Drone registra manifestações em Tel Aviv, capital de Israel, neste domingo (17)
REUTERS/Aviv Atlas
Antes do domingo, empresas e instituições autorizaram funcionários a aderir à paralisação. Algumas chegaram a fechar na data, dia útil em Israel. Escolas não foram afetadas, porque estão em recesso de verão.
Por volta das 16h (horário local), os atos foram interrompidos quando sirenes de ataque aéreo soaram em Tel Aviv, Jerusalém e outras cidades, alertando sobre um míssil disparado do Iêmen. O projétil foi interceptado sem causar danos.
Netanyahu endurece discurso
No domingo, Netanyahu afirmou em reunião de gabinete: “Quem pede o fim da guerra sem derrotar o Hamas não estão só fortalecendo o grupo e atrasando a libertação dos reféns, como também está garantindo que os horrores de 7 de outubro se repitam sem parar”.
O premiê, que lidera o governo mais à direita da história de Israel, disse estar decidido a autorizar o Exército a tomar a Cidade de Gaza, uma das últimas áreas do enclave fora do controle israelense.
A decisão é impopular entre israelenses e famílias dos reféns, que temem que a ofensiva coloque em risco a vida dos reféns. Cinquenta israelenses ainda são mantidos reféns em Gaza, e autoridades do país acreditam que cerca de 20 estejam vivas.
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“Não há tempo – nem para as vidas que foram para o inferno, nem para os mortos que podem desaparecer nas ruínas de Gaza”, declarou o Fórum das Famílias de Reféns.
Após quase dois anos de guerra em Gaza, iniciada pelo ataque do Hamas em outubro de 2023, a maioria dos reféns libertados até agora saiu por meio de negociações diplomáticas.
As negociações por um cessar-fogo, que poderiam libertar mais reféns, fracassaram em julho. O Hamas afirma que só soltará os cativos se Israel encerrar a guerra. Netanyahu, por sua vez, promete que o grupo não permanecerá no poder.
O governo israelense vem sendo duramente criticado dentro e fora do país, inclusive por aliados europeus, após anunciar a ofensiva para tomar a Cidade de Gaza.
No domingo, o Hamas classificou o plano como criminoso, afirmando que ele forçaria a fuga de centenas de milhares de moradores da Cidade de Gaza.
Mais de 61 mil palestinos morreram na ofensiva israelense em Gaza, segundo autoridades locais de saúde. Apenas no último dia, pelo menos 29 pessoas foram mortas.
Cerca de 1.200 pessoas morreram e 251 foram levadas para Gaza no ataque do Hamas a Israel. Desde então, mais de 400 soldados israelenses morreram na região.
O líder da oposição ao governo israelense, Yair Lapid, que participou de um ato em Tel Aviv, manifestou apoio aos manifestantes.
“O que fortalece o país é o espírito maravilhoso do povo que hoje saiu às ruas pela solidariedade israelense”, escreveu no X.
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